A desapropriação de 109 estabelecimentos comerciais à margem do Rio Una, em Palmares, Mata Sul do Estado, levou dezenas de comerciante a protestar, na manhã de ontem, na Avenida José Américo de Miranda. Os manifestantes queimaram pneus por volta das 8h, interditando a principal via do município, com o objetivo de pressionar o governo do Estado a rever a desocupação.
Desde a última sexta, os estabelecimentos já desocupados começaram a ser demolidos. Os imóveis foram atingidos pela enchente de junho de 2010 e estão sendo retirados de acordo com plano do governo de deixar livre a calha do Rio Una, evitando dessa forma novos prejuízos. Apesar da ordem de desocupação, a maioria das 109 lojas havia voltado a funcionar normalmente.
Vestindo preto e segurando faixas, os manifestantes entregaram uma pauta de reivindicações a representantes da Operação Reconstrução, criada após a cheia do ano passado. Na lista consta que o Estado, além das indenizações, deve doar um terreno para a reconstrução das lojas. Só queremos um outro lugar para ir e que o valor das indenizações seja reavaliado. Somente na minha loja temos 25 funcionários. Desse jeito, todos vão ficar desempregado”, destacou Manoel Lins, gerente de uma loja de auto-peças.
Manifestantes também pedem um prazo mínimo de 12 meses para a retirada do local, o acompanhamento das negociações por uma comissão de comerciantes e a definição de um local para a reunião entre eles e o governo, que não seja a sede da Polícia Militar, como estava ocorrendo.
Com o protesto, a PM montou desvios na entrada da cidade para evitar engarrafamentos. Por volta das 9h, o fogo foi apagado e uma comissão foi recebida por integrantes da Operação Construção na sede do 10º Batalhão da PM. Mas os comerciantes só liberaram a avenida após as 10h.
Comerciantes fecharam a Av. José Américo de Miranda |
Edson Silva negocia terreno para comerciantes |
Edson Silva entrega pauta de reinvindicações a Cap. da Casa Militar |
Comerciantes protestam e querem ser ouvidos |
Comerciantes temem desemprego |
De acordo com Edson Silva, um dos coordenadores do movimento, as negociações estavam sendo realizadas de forma individual e os comerciantes estavam se sentindo coagidos. Na reunião, ficou acertado que as negociações agora serão na Associação Comercial e acompanhadas por uma comissão. E amanhã (hoje), seremos recebidos no Recife pela Casa Militar para discutir o resto das reivindicações. Segundo Edson Silva, o encontro acontece às 16h, mas ainda sem local definido.
Em nota, a assessoria de comunicação do governo afirmou que é consenso em Pernambuco ser absolutamente inviável a permanência de pessoas vivendo nas áreas inundadas nas duas últimas grandes enchentes que tanto sofrimento causaram na Zona da Mata Sul, afirmou o texto, se referindo às cheias de junho de 2010 e maio deste ano.
A nota ainda informa que a área desapropriada será transformada em um parque de uso público. Novas demolições somente ocorrerão depois de concluídos os entendimentos com os proprietários dos imóveis, ficando claro que a desocupação é irreversível.
No texto, o governo não confirma a reunião de hoje entre comerciantes e a Casa Militar.
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