BARRAGENS: CUPIRA e LAGOA DOS GATOS
Alvo da polêmica envolvendo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que teria lhes enviado 90% das verbas destinadas à prevenção de desastres em 2011, as barragens Panelas II e Gatos dificilmente devem ficar prontas em setembro, como prometido, mas, pelo menos, não estão paradas. Elas começaram a ser construídas há quatro meses, e a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) garante que deverão ser entregues até o fim do ano, com previsão de entrar em funcionamento no próximo inverno.
No canteiro de obras das duas represas, as construções estão em ritmo lento: 70 operários trabalham em Panelas II, em Gatos, são apenas 16. Mas, segundo os encarregados das obras, ambas estão dentro do cronograma previsto.
As represas integram um sistema do qual fazem parte outras três barragens, cuja construção deve demandar um investimento total de R$ 497 milhões, 50% dos quais serão financiados pelo governo federal. O restante será bancado pelo Estado.
O sistema tem por objetivo funcionar como barreira de contenção para as constantes inundações aqui em Palmares e cidades da Mata Sul. Nesta região, 68 municípios foram atingidos em 2010, sendo que 11 deles ficaram em estado de calamidade pública e 30, em situação de emergência. Segundo o governo do Estado, 400 mil pessoas da região vivem em situação de vulnerabilidade devido às constantes cheias do Rio Una. As duas últimas, em 2010 e 2011, causaram um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões.
Enquanto as barragens de Panelas II e Gatos estão em construção, as três outras Serro Azul, Igarapeba e Guabiraba permanecem em fase de licitação. A de Panelas II deve acumular 17 milhões de metros cúbicos de água, represando o Rio Panelas, que atravessa o município de Cupira. A de Gatos é menor: terá capacidade para 6,3 milhões de metros cúbicos de água do Rio dos Gatos, que corta a cidade de Lagoa dos Gatos. As duas represas deverão custar R$ 27 milhões, sem falar nas vias de acesso e desapropriações.
Até o momento, 63 fazendas e sítios da região foram desapropriados, segundo a SHR. Em Cupira a 169 km do Recife, a construção de Panelas II está mais adiantada. A via de acesso foi concluída e a pedreira e a central de concreto funcionavam ontem às margens da PE-123. Além disso, o canal que vai permitir o desvio do Rio Panelas para construção das paredes da barragem está em construção. Conforme o engenheiro José Cláudio Mesquista, da Novatec Construções e Empreendimentos Ltda., responsável pela represa Panelas II, a barragem terá paredes de 40 metros de altura, com um espelho de água de 280 metros de extensão por 42 metros de largura. Ele não soube dizer, no entanto, se ela estará concluída até setembro.
Fonte: Agência O Globo
É difícil crer, mas da polêmica sobre a liberação de dinheiro para evitar novos desastres, como o que ocorreu em junho de 2010, e se repetiu o ano passado, se pode tirar a lição de que nossos gestores estão mais interessados em receber as verbas que cobrem os desastres e não o dinheiro da prevenção. E que, ao menos que se diminua a burocracia, todo ano a gente vai ficar vendo o governo federal ajudar a construir o que foi destruído sem obra para evitar novas desgraças.
O problema não é verba. O problema é a dificuldade de aprovar o projeto. Nesse caso da notícia de que Pernambuco recebeu 90% da verba de 2011 na rubrica de prevenção, falta dizer que só recebeu por que tinha o projeto executivo pronto. E que aceitou pagar metade da conta de R$ 500 milhões para proteger Palmares e as demais cidades. Alagoas que não tem a situação financeira de Pernambuco precisou de R$ 8 milhões do Ministério para pagar o projeto. Sabe Deus quando vai receber o dinheiro para construir as barragens que precisa para evitar nova tragédia.
Há um enorme equívoco no debate. A questão não é se Fernando Bezerra Coelho liberou verba para Pernambuco porque era pernambucano. Quem mandou pagar foi Dilma Rousseff que, aliás, só bancou metade. Agora, imagina se Pernambuco não tivesse caixa para antecipar o projeto e pagar metade da obra? O dinheiro da União seria zero.
- Edson Silva