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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A MATA SUL SOFRE COM AS ENCHENTES E QUEM RECEBE O DINHEIRO É PETROLINA

O Ministério da Integração Nacional elegeu, em dezembro, 56 cidades das regiões Sul e Sudeste como prioritárias para ações de preparação às enchentes, porém foram os Estados do ministro Fernando Bezerra (Pernambuco) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Bahia) que receberam as maiores verbas de prevenção em 2011. O Rio de Janeiro, primeiro da lista de alerta, com 12 municípios em situação crítica de risco, ficou em décimo lugar, com 2,3% dos recursos pagos no ano passado. A suspeita de direcionamento político fez com que a presidente Dilma Rousseff decretasse ontem uma intervenção branca na pasta de Bezerra. A partir de agora, todas as liberações para enchentes só serão feitas com o aval da Casa Civil.
Dilma, que está de férias na Bahia até amanhã, orientou a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a determinar uma radiografia na rubrica de verbas para prevenção de enchentes. A intenção é evitar denúncias de favorecimento político. Por isso, as liberações serão submetidas à avaliação da Casa Civil.
O dinheiro de Prevenção e Preparação para Desastres destinado a Pernambuco R$ 34,2 milhões e à Bahia R$ 32,2 supera o montante liberado em 12 meses para São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Paraíba e Alagoas. Os seis Estados listados receberam da União R$ 62,7 milhões de prevenção em 2011. Os dados foram levantados pela ONG Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
A execução do programa de Prevenção, em 2011, não atingiu 30,6% do valor autorizado no orçamento federal. A dotação autorizada somava R$ 508,4 milhões, dos quais R$ 155,6 milhões foram pagos. Entre 2004 e 2011, o pagamento frente ao valor orçado ficou em 24,4%.
Em Pernambuco, Fernando Bezerra escolheu Petrolina, cidade na qual exerceu três mandatos como prefeito, para liberar os principais recursos da rubrica Resposta a Desastres Naturais no interior do Estado. O ministro liberou para sua terra natal R$ 8,9 milhões, contra R$ 1,2 milhão destinado, em Pernambuco, aos 14 municípios devastados pela enxurrada em 2010. Petrolina só perdeu para Recife, com R$ 62 milhões, entre as 96 cidades pernambucanas contempladas.
Em 2011, o Rio de Janeiro foi o Estado que mais recebeu dinheiro para reconstrução, com R$ 297,9 milhões, após as tempestades que arrasaram a Região Serrana. Pernambuco ficou em segundo lugar, com R$ 94,6 milhões, à frente de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.

No debate com Geraldo Freire, ontem, na Rádio Jornal, o governador Eduardo Campos revelou um número que mostra o tamanho do estrago que as duas enchentes de 2010 e 2011 em Palmares e em cidades da Mata Sul causaram: R$ 2,5 bilhões. A valores históricos, podemos dizer que a cheia de dois anos custou uma Celpe. E vai um pouco além da informação de que, em 2011, o ministro Fernando Bezerra Coelho liberou 90% dos recursos para Pernambuco como revelou o site Contas Abertas.
A liberação terá que ser muito maior. É que R$ 25 milhões dos R$ 29 milhões liderados, somam apenas 10% do que a presidente Dilma Rousseff acertou com Eduardo Campos, na noite em que Palmares foi novamente inundada. O acerto foi aplicar R$ 500 milhões em cinco barragens. Naquela data, os projetos executivos estavam prontos e ela liberou a verba em dois meses.
Mas a denúncia da liberação para Pernambuco revela algo mais preocupante sobre como gestores públicos brasileiros tratam a prevenção das cidades. Segundo o Contas Abertas, entre 2004 e 2011, as dotações autorizadas somaram R$ 2,8 bilhões, mas apenas R$ 695,4 milhões (24,5%) foram aplicados. Segundo o ministério, isso se dá porque Estados e municípios não apresentam projetos de obras de proteção. Deve ser porque o Brasil já construiu uma infraestrutura tão eficiente que dispensa esse tipo de cuidado de seus administradores.

Fonte: Agência O Globo / JC

2 comentários:

  1. isso eh uma pouca pouca vergonha e uma verdadeira tapa na cara do povo da mata sul de pernambuco.

    Parabens pelo post... ficou muito bom .

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  2. Opa Edson, muito bom o post. Mas existe um porém, na verdade vários. Se a fonte da notícia foi o jornal Estado de São Paulo houve um enviesamento nos dados e uma proposital indução ao erro contra o leitor.
    Mas, como errar é humano, e, não estamos imunes ao erro:
    http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/01/04/pig-mente-sobre-enchente-gleisi-nao-interveio/
    Essa fonte melhora o entendimento sobre os números. Não é somente o Ministério da Integração que cuida de prevenção às enchentes. Algo a ser levado em conta também é que a Transposição foi paralisada pelas empreiteiras que estão pleiteando aditivo$ nos contratos e há um trabalho de desconstrução de reputação direcionado a esse ministério pelo fato que o ministro não está recuando.
    Só esclarecendo também para quem entender mal: não sou pro-governo federal. Apenas quero a verdade jornalistica, o registro sem viés partidário, e isso não se pode esperar mais da grande imprensa.

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