Pela segunda vez em menos de cinco anos, a Transnordestina Logística anunciou a recuperação da ferrovia que liga o Cabo de Santo Agostinho ao município de Porto Real do Colégio, situado na divisa entre Alagoas e Sergipe. Com 550 quilômetros (km), o trecho é estratégico por ser a ligação ferroviária entre vários Estados nordestinos com o Sudeste. Foi destruído pela primeira vez nas enchentes de 2000. Segundo a empresa, após ter sido recuperado totalmente em 2010 com investimentos de R$ 114 milhões, tornou-se novamente vítima da força das águas. Agora, um ano e meio depois da catástrofe, consumirá R$ 60 milhões para ter de volta 380 km e finalmente funcionar no século XXI. O que ainda não aconteceu.
O anúncio dos novos trabalhos foi feito ontem, no Palácio do Campo das Princesas. A estimativa do diretor-presidente da Transnordestina, Tufi Daher, é de que a ferrovia esteja pronta em seis meses, contados a partir do momento em que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovar o licenciamento ambiental dos serviços. Nos três primeiros anos de operação, Cabo-Porto Real do Colégio terá capacidade para transportar por trilhos até 1,5 milhão de toneladas anuais em cargas.
A previsão é de que passarão pela ferrovia açúcar e álcool, principalmente, além de fertilizantes, cimento, combustíveis, produtos de mineração e até siderúrgicos.
Em solo pernambucano, serão empregados cerca de R$ 25 milhões que vão gerar algo em torno de 200 empregos. Dos 350 pontos danificados, 100 estão no Estado. As obras vão alterar a rotina das cidades de Canhotinho, Maraial, São Benedito do Sul, Ribeirão, Palmares, Catende e Quipapá.
A ferrovia esteve no limbo entre 2000 e 2008. Em 2010, nas vésperas de ser reinaugurada, vieram as chuvas. Houve um tempo de indefinição sobre de quem seria a responsabilidade de recuperação do trecho. Agora vamos recuperar três pontes e trabalhar em 150 km em Pernambuco, detalhou Daher, acrescentando que o projeto foi formalmente enviado ao Ibama na semana passada.
Os R$ 114 milhões empregados na primeira recuperação vieram do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), um benefício fiscal para empreendimentos situados na área de atuação da Sudene. A execução foi controversa. Em relatórios da primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de março 2009, a empresa havia declarado a conclusão de 66% dos serviços. Porém, uma reportagem mostrou que naquela época a realidade era longe disso: apenas trilhos podres e muito mato no traçado. Os R$ 60 milhões empregados nessa segunda versão sairão agora do caixa da Transnordestina Logística.
Cabo-Porto Real do Colégio, conforme a história mostrou, estava fadado a sucumbir a cada enchente. O compromisso do governo do Estado, com recursos do Ministério da Integração Nacional, de construir cinco barragens para impedir novas catástrofes motivou a empresa a voltar a apostar no trecho e tirar o dinheiro do próprio bolso, explicou o executivo, ao lado do governador Eduardo Campos. Vale lembrar que o governador, no ano passado, formalizou um pedido de recursos à Integração Nacional para as obras, sem sucesso.
Daher comentou que na próxima semana deverão ser liberados R$ 32 milhões do Finor e R$ 120 milhões do BNDES para as obras da Transnordestina, que já consumiram R$ 3 bilhões dos R$ 5,4 bilhões previstos. A empresa aguarda resposta do Ministério do Transportes para um pedido de mais dinheiro. Já houve uma reunião este ano com a pasta, sem grandes avanços.
Fonte: JC
A LUTA CONTINUA
Após o carnaval, serão reabertas as conversações com a assessoria jurídica da Transnordestina Logística, pelo menos foi isso ficou acordado no nosso último encontro, sobre proposta de indenização das famílias dos bairros palmarenses de Santa Rosa e Santo Antonio que moram próximas a linha férrea. Há mais de um ano, travamos uma verdadeira batalha para que a concessionária reveja o processo de reintegração de posse que move contra aquelas famílias. Nosso objetivo é fazer com que a empresa apresente uma alternativa que possibilite aquelas pessoas continuarem vivendo com um mínimo de dignidade. Espero, sinceramente, que resolvamos a questão de forma pacífica e que seja bom para ambas as partes. Mas se assim não acontecer, vamos resistir e continuar entrincheirados na luta por essas famílias simples e humildes que não podem ficar abandonadas e entregues a própria sorte.
- Edson Silva
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